quinta-feira, 8 de março de 2007

Solavanco

e o autocarro não pára. leva-nos onde queremos. lá atrás, uma voz fala mais alto. da vida, dos filhos, da terra, do mundo. e nada mais importa.
o autocarro dá outro solavanco.

Casa-Cheia

espero que haja cartazes a anunciar o fim do Mundo.

comprava bilhete.

Mestre

vejo uma vela acesa; gritam-se sussurros onde o silêncio ecoa; entram passos lá atrás; mas ninguém os ouve. a cera a deslizar pela vela chama-me a atenção.

levanto-me, despeço-me e saio.

Ampulheta

ser, hoje, assim o obriga.

já estou descalço, sento-me. enrola-se à minha frente, com um som que só ele sabe.
a areia começa a cair.
lá ao fundo, as gaivotas fazem companhia ao reflexo de diamante do Sol. uma gincha, de asas abertas, sobre mim.
a areia continua a cair.
abro o meu caderno. começo a pintar uma estrada que ficará, fatalmente, incompleta.
a areia parou de cair.